Quando não nos sentimos seguros no ambiente em que vivemos ou percebemos nosso corpo como uma ameaça à própria segurança, isso pode refletir diretamente na forma como nos alimentamos. Comer demais ou de menos muitas vezes não é apenas uma questão de hábito, mas uma resposta ao que está acontecendo em níveis mais profundos da nossa psique e biologia.
A luta pela sobrevivência: Em um estado de sobrevivência extrema, nosso corpo pode priorizar o "fugir ou lutar" e simplesmente "desligar" a fome. Uma pessoa em constante alerta dificilmente consegue parar para se alimentar.
Culpa pela existência: Alguém que sente vergonha ou culpa por simplesmente existir pode manifestar isso ao se negar o básico para viver: o alimento. Isso pode levar a restrições alimentares severas, como se o ato de desaparecer fosse uma resposta inconsciente ao desconforto interno.
Identificação com ancestrais que passaram fome: Traumas transgeracionais também têm impacto. A identificação com familiares que enfrentaram escassez pode levar tanto à compulsão alimentar — para garantir "que nunca falte" — quanto à restrição alimentar, como uma tentativa inconsciente de replicar suas histórias.
O corpo como proteção: Para algumas pessoas, a alimentação pode ser uma forma de defesa. Por exemplo, uma mulher que associa atenção indesejada ao perigo pode, inconscientemente, usar o ganho de peso como uma maneira de se "esconder" e se proteger de olhares que julga ameaçadores.
O Alimento Como Pilar de Segurança
O alimento é muito mais do que uma fonte de energia; ele está intrinsecamente ligado à sensação de segurança. Quando enfrentamos ameaças à nossa sobrevivência — como instabilidade na família, falta de abrigo ou dificuldades financeiras — nossa relação com a comida pode se tornar uma tentativa de compensar ou lidar com essas incertezas.
Reconectando-se com o Corpo e a Segurança Interna
Negligenciar as necessidades corporais, seja por meio de restrições ou excessos, pode ser um sinal de que há algo mais profundo a ser curado. Aprender a se sentir seguro em seu próprio corpo é um passo essencial para transformar a relação com a comida.
Quando curamos as feridas relacionadas à segurança, começamos a nutrir o corpo não apenas com alimentos, mas com respeito, cuidado e aceitação. A alimentação, então, deixa de ser uma resposta às ameaças e se torna uma celebração da vida.
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